Este é mais um conto que não tem nada haver com as corridas, mas como gosto de escrever algumas estórias ...
O nome do protagonista é fictício e qualquer semelhança com certeza é uma mera coincidência.
Parte 1
Seu Alvarenga um sujeito dos seus 70 anos, gente boa, brincalhão, sorridente, mas muito, muito desconfiado e assim ele chegou a clinica de reprodução humana.
Dirigiu-se a recepção apresentando uma solicitação que antes havia pego no consultório o qual anualmente faz o seu acompanhamento da próstata.
Sempre utilizou desse expediente em solicitar por telefone o pedido dos exames ao médico que o acompanha há muito tempo para que quando fosse visitá-lo já levasse todos os exames já com os resultados.
- Bom dia!
Disse seu Alvarenga num tom tranqüilo à distinta moça.
- Bom dia!
Respondeu ela e completando após ver a solicitação do médico muito embora tenha expressado admiração ao ver aquele Sr fazer esse exame disse:
O Sr já fez esse exame antes?
Depois de questionar um pouco e tomar detalhes sobre o tipo de exame respondeu:
- Já tem algum tempo, mas se o médico pediu é por que precisa, não é isso minha filha?
- Certo. Responde a mocinha e completa:
- Será necessário o Sr responder algumas perguntinhas antes de fazer o exame.
Tranqüilo chegou tranqüilo ficou e seu Alvarenga sentou-se a frente da moça a espera do interrogatório.
- Qual a sua idade?
- 70 aninhos.
Seu Alvarenga era um sujeito muito espirituoso e nessa resposta colheu um breve sorriso da moça.
- O Sr está tomando algum tipo de medicação?
Respondeu:
- Bom, estou tomando uma para a pressão.
- É diabético?
- Não, não minha querida.
E assim foram mais algumas perguntas até que:
- Sr. Alvarenga, o senhor está a quanto tempo em abstinência...
Sem esperar a conclusão da pergunta ele prontamente respondeu:
- Estou. Não como sal e muito menos açúcar há muito tempo.
- Não Sr. Alvarenga, estou falando de abstinência sexual.
- O Sr está em abstinência a mais de 72 horas?
Assustado, mas sem deixar transparecer, Seu Alvarenga pensou.
E agora, o que vou responder!
Seu Alvarenga era um sujeito um pouco machista e se fosse nessa hora procurar ser o mais verídico possível...
Há, como ele gostaria de está nesta abstinência só há 72 horas.
Não perdendo a oportunidade perguntou:
E agora, o que tenho de fazer? Minha filha, quando liguei para marcar o exame ninguém me falou sobre isso, pois assim teria me preparado, ou melhor, ficado sem praticar sexo por esse período.
- O Sr terá que retornar para fazer o exame após as 72 horas, mas obedecendo a abstinência, entendeu?
Com um ar de “Eu sou o Cara”... lá se foi seu Alvarenga saindo da sala com o nariz empinado causando espanto aos presentes que aguardavam a sua vez.
Parte 2
Passado os três dias, seu Alvarenga retorna a clinica.
- Bom dia seu Alvarenga e agora tudo bem?
Disse a recepcionista.
- Claro que sim!
Respondeu ele.
Após concluir o questionário que havia ficado pendente na vez anterior, a moça disse:
- Agora o Sr vai até aquela salinha com este recipiente e colha o material e logo que acaba o Sr aperta uma campainha que está devidamente identificada na sala.
E aí todo compenetrado, pausadamente segue seu Alvarenga para a salinha aos olhares daqueles que estavam presentes aguardando a sua vez.
Já dentro da sala, todo solitário observando tudo que havia a sua volta timidamente se prepara para a sua odisséia.
Mil coisas passavam pela cabeça do seu Alvarenga e tão preocupado como se comportar quando saísse da sala que não se deu conta de que antes teria de entregar o recipiente com pelo ao menos uma quantidade mínima capaz de se poder fazer a análise.
Olhava para um lado, para o outro, a procura de algo que o motivasse e quando percebera que aquele local estava preparado especialmente para esse tipo de exame relaxou um pouco.
Mas, relaxar mesmo que um pouco era o que menos seu Alvarenga podia querer.
Na sala havia diversas revistas pornográficas, uma TV com vídeo e algumas fitas que certamente poderiam ser utilizadas para incentivar o paciente que já começava a ficar impaciente.
De repente dado a dificuldade da nitidamente em visualizar as revistas, seu Alvarenga se deu conta que havia deixado os seus óculos na recepção.
Puta merda! E agora?
Pensou seu Alvarenga.
Vou precisar deles, pois sem eles não consigo enxergar direito.
Decidiu sair e pegá-los.
Já havia passo uns quinze minutos e quando abriu à porta, aqueles olhares que estavam voltados para sua entrada também estavam voltados para sua saída.
- Já terminou Sr Alvarenga?
Perguntou a mocinha com aquele ar de surpresa.
- Não minha filha, é que esqueci os meus óculos.
- É, havia percebido isso, mas não quis interromper. Disse a mocinha.
- Obrigado e retornou seu Alvarenga para uma nova etapa.
Novamente na salinha começou a sua sessão de descarrego.
Calças nas canelas e partiu para se é que podemos chamar de segundo tempo.
Parte 3
Era assim que ele se sentia. Tapa de um lado, tapa do outro, estica daqui, estica dali e nada daquele que já foi motivo de orgulho do seu Alvarenga reagir.
Resolveu partir para assistir o vídeo.
Com um pouco de dificuldade conseguir encaixar a fita no local e quando ligou a TV ouve-se aquele som alto, pois sem perceber, o botão de volume esta no máximo e como havia colocado a fita antes de ligar a TV o mesmo já estava reproduzindo o filme.
Gemidos, sussurros, alguns gritos, seu Alvarenga entrou em desespero.
Roda botão de pra lá, pra cá até e finalmente resolveu puxar o fio da tomada.
Ouviu-se aquele silêncio.
O tempo foi passando, passando e de repente batem a porta:
- Vai demorar?
Disse um desavisado que pensando que aquele local era um sanitário, bateu a porta.
Em voz baixa disse seu Alvarenga:
- Se sua mãe vier me ajudar, possa ser que não.
Após longos quarenta e cinco minutos, depois de muito esforço e bota esforço nisso, seu Alvarenga consegue algum resultado.
Disse algum por que a quantidade obtida foi muito aquém do esperado por ele.
Não tinha jeito a dar.
Não sabia se o pior já tinha passado ou ainda iria passar ao abrir aquela porta.
Imaginava. A platéia já deve está maior, mas não tem jeito.
Segurando o recipiente agora com as duas mãos, colocou em cima de uma mesa, foi até a pia andando com dificuldade, pois as calças ainda estavam nas canelas e lavou as mãos.
Em seguida dirigiu-se a recepcionista com o recipiente a mão temendo algum comentário sobre a quantidade e que certamente o vexame maior, visto que a platéia agora era maior.
- Minha filha, aqui está.
Disse seu Alvarenga segurando aquele que foi o resultado de um grande esforço.
A moça pega a vasilha e com certa dificuldade em enxergar o conteúdo, esboçou dizer alguma coisa sendo logo interrompida pelo seu Alvarenga.
- Olha minha querida, desprezei o excesso, mas se precisar faço novamente.
Ainda com os olhos voltado para identificar o conteúdo do esforço de seu Alvarenga, rapidamente ela olha para ele e diz:
- Acho que será o suficiente, mas o Sr não precisava trazer aqui na recepção bastava apertar a campainha, lembre que te falei antes do Sr entrar na sala?
- É agora já trouxe!
Ficou pensando que depois de tudo, poderia ter ficado sem passar por essa se arriscando a algum comentário sobre a quantidade.
E assim seu Alvarenga foi pra casa e no final das contas se deu por satisfeito, mas antes passou numa padaria para tomar aquele café bastante reforçado temendo ter alguma caruára durante o percurso.
Passados alguns dias, seu Alvarenga recebe uma ligação do consultório do seu médico onde a atendente informou que a requisição que ele havia pegado há dias atrás não pertencia a ele e sim a outro Sr. Alvarenga.
Perguntou a ele já havia feito o exame e caso negativo não precisaria mais.
Seu Alvarenga ficou indignado e pediu para a ela dizer ao médico que só consegui fazer o exame graças às lembranças que ele tinha da mãe dele que havia conhecido antes dele nascer.
E a você minha querida, se precisar fazer de novo, vou te chamar para me ajudar.
E bateu o telefone.