segunda-feira, 19 de abril de 2021

Minha primeira Meia Maratona

 

Antes da largada

Segue abaixo o relato da minha participação na primeira meia maratona que fiz em 2005 mais precisamente dia 09/10/2005.

Foi a quinta corrida que fiz oficialmente sem ter a menor ideia da importância de ter uma preparação para enfrentar a tal distância de 21 km e sem contar que no final de semana anterior, achei de juntamente com um grupo de corredores que já eram experientes, fizer um simulado do percurso.

A largada foi na Praça Municipal e a chegada onde é hoje o estacionamento que fica ao lado do Parque dos Ventos, tinha 44 anos e já estava começando a me apaixonando pelas corridas.

Esta postagem, é um resgate do que publiquei quando resolvi criar o blog e achei interessante contar um pouca da história da minha primeira e inesquecível Meia Maratona.

Tenham uma excelente leitura.


Pode acreditar, já fiz parte do Pelotão de Elite numa meia maratona.

Estava ansioso para participar da minha primeira meia maratona. Era uma sexta-feira, estava dentro de um shopping onde, numa badalada loja de departamento e especializada em material esportivo, seriam entregues os kits para a corrida.

Cheguei cedo para garantir a ser um dos primeiros atendidos. Indaguei ao funcionário onde estava sendo entregues os kits.

Gentilmente me informou dizendo que só começaria às dezessete horas.

Para quem havia chegado quatorze, um pouquinho a mais ou a menos não faria a menor diferença.

Era a minha primeira meia maratona e isso não abalara o meu bom humor.

Cravado às dezessete horas, estava lá. Estava ansioso, ou melhor, mais ansioso.

O primeiro passo era identificar a numeração numa relação afixada numa parede.78 era o meu número.

Devidamente identificado, parti para a fila a fim de retirar o meu tão esperado kit. - Sua identidade e qual o seu número?

Perguntou a simpática moça.

A identidade já tinha nas mãos, pois já havia observado o processo com os que estavam a minha frente e o número disse orgulhosamente. - Número 78A simpática moça afastou-se do balcão e foi em direção a caixa onde por uma prévia arrumação localizaria o meu kit.

Demorou um pouco verifiquei que ela estava a conversar com uma das pessoas responsáveis pela organização.

As duas partiram em minha direção.

Pensei o que houve?

Com uma voz serena ela me disse:

- A numeração de 0 a 100 são para os atletas do Pelotão de Elite.

- O senhor terá que pegar o seu kit amanhã no hotel onde estão hospedados os demais atletas vindos de outros estados e países que também pertencem ao Pelotão de Elite.

Isso foi o bastante para que as pessoas a minha volta direcionassem todos os olhares em minha direção.

Por alguns instantes me senti um verdadeiro queniano albino.

Sabia que a realidade era outra e que algo havia acontecido para que um pobre mortal já na sua primeira meia maratona, sem nenhum histórico, justificasse tal classificação.

Como ficaria complicado explicar a todos os presentes que tinha acontecido alguma confusão por parte da organização do evento, resolvi sair da loja com a pose de que estava tudo certo, de que realmente eu era um atleta do Pelotão de Elite.

Não precisaria nem dizer que da sexta para o sábado tive dificuldades para dormir.

Imaginava-me no aquecimento correndo entre os atletas dos quais nunca havia presenciado uma chegada ao vivo só pela televisão enquanto os menos votados estariam depois daquela cerca humana formada por seguranças para que não invadisse a ala do Pelotão de Elite.

Depois da minha ciência de que era elite até pegar no sono, tratei de fazer a divulgação para amigos, parentes, vizinhos e quem mais encontrasse pela frente de que correria a Meia Maratona da Bahia e que estaria no Pelotão de Elite.

Alguns ficaram supressos, pois nem sabiam que eu corria e muito menos o que era esse tal de Pelotão de Elite.

Amanheceu.

Um momento histórico como esse não poderia deixar de ter testemunhas.

Entramos, eu, minha mulher e o orgulhoso filho no carro e fomos rumo ao hotel.

Ele também aproveitando a oportunidade, não poupou esforços em fazer a propaganda entre amigos e colegas do feito do seu pai.

A caminho do hotel só pensava. Deve ter uma comissão para me receber, pois um atleta de elite deve ter um tratamento VIP.

- E esse hotel que não chega!

Finalmente cheguei.

Na frente do hotel o portão de acesso aos carros estava cerrado.

Dirigiu-se em minha direção o responsável pela entrada dos veículos.

- Bom dia.

Falou o distinto moço

- Bom dia.

- Sou da elite.

Completei de imediato.

Parecia que era uma palavra mágica tipo abre-te sésamo.

Prontamente o então cerrado portão abriu-se para que a família da elite entrasse.

Saí do carro, percorri alguns corredores, e após algumas orientações tive acesso à sala onde os kits seriam entregues.

Uma bela moça veio em minha direção e àquela altura devido ao meu estado de êxtase, todas as moças eram belas.

- Em que posso ajudar?

Disse até a então bela moça.

- Vim pegar o meu kit.

Para não parecer arrogante, não mencionei a palavra elite.

Prontamente ela me pediu um momento e foi chamar outra moça que também até então era bela.

- Bom dia!

Disse ela.

E aí começou o meu transtorno.

- Bem meu amigo.

- Houve uma confusão por parte da organização e alguns atletas foram classificados como elite.

- Pedimos desculpas pelo ocorrido mais o problema será devidamente resolvido.

Mesmo sabendo que aquela informação era a mais coerente e plausível para justificar a situação, me senti decepcionado.

Respirei fundo, mais não muito, pois já estava e pensando que essa respirada já fosse me fazer falta na corrida de amanhã.

- Bem, e o meu kit?

Perguntei secamente.

Serenamente me respondeu a não mais bela moça.

- Amanhã o senhor chega mais cedo e antes do início da corrida me procure para lhe entregar o seu kit.

Tentando minimizar a situação, me convidou a participar da reunião em que estavam presentes todos os atletas que faziam parte do Pelotão de Elite.

Agradeci, dei uma desculpa que não me lembro qual foi e fui embora.

Não demorou muito para começar as primeiras cobranças.

Ao chegar ao carro:

- Cadê o kit?

Perguntou o curioso filho.

Em poucas palavras expliquei o que havia ocorrido e ficou aquele silêncio.

Observei que não houve muita surpresa, pois acho que, quem tinha mais se iludido era eu.

A essa altura já estava pensando na noite que havia perdido e que como teria de acordar cedo para pegar o diacho do kit, e o melhor que tinha a fazer era ir para casa dormir.

Não faltaram telefonemas para saber se já havia pegado o kit, se eu cheguei a tirar fotos com os outros atletas, mas a resposta era sempre a mesma, de que estava descansando para corrida de amanhã.

No dia da corrida, como já tinha sido intimado, acordei bem cedo, e talvez, num horário que os verdadeiros atletas da elite ainda estivessem dormindo.

Peguei o meu kit com o número 1.830 e na hora marca foi dada a largada.

Sem muita noção de como me comportar ao longo do percurso faltando aproximadamente uns 7 km tive que incluir na corrida, trotes e caminhadas e administrar dores com câimbras e o cansaço.

Lembro-me perfeitamente que nas proximidades do Praia da Paciência, havia uma ambulância e que os socorristas vinheram em minha direção e me perguntaram:

- Está tudo bem?

É óbvio disse que sim e pode acreditar que, esta é a única mentira da história.

Minha classificação foi 828ª no geral masculino, 140ª na faixa etária de 40 a 44 anos e 30ª na idade de 44 anos. 

1.716 participantes concluíram a corrida e levei exatos 01h55min34s para completar o percurso.

Registro da chegada

Na minha chegada pensei sobre tudo que tinha ocorrido e concluí:

Eu também sou do Pelotão de Elite, pois assim como eles, também completei os 21 km se bem que com uma boa defasagem de tempo, mas quem liga pra isso.

Por motivos óbvios não presenciei a chegada desses atletas, mas tenho a certeza de que eles não tiveram a recepção de seus amigos e familiares reconhecendo o seu esforço.

Família:  Luíza (cunhada), Samuel (filho), Neuza (esposa), Jessie (mãe) e  Nadir (tia)

A medalha eu guardo com muito carinho, pois teve um sabor muito especial, da minha primeira Meia Maratona.

domingo, 18 de abril de 2021

O que a corrida te ensinou nesta pandemia?

 

Pois é, a pergunta é essa mesma.

Corro e já faz algum tempo, porém neste período que todos nós estamos vivendo a corrida também foi bastante afetada principalmente pelo adiamento e até cancelamento de muitas delas.

Presencialmente a última que participei foi em 2020 que foi no dia 09/02 a Corrida das Dunas aqui em Salvador.

Não são poucos os depoimentos de atletas de que com a faltas das provas presenciais, se sentiram desmotivados e até deixaram de treinar.

Especificamente no meu caso, sou um verdadeiro rato de provas e olha que já fui pior e esta situação da falta de delas me deixou também muito sentido, porém, por conta de já ser uma pessoa com uma certa disciplina usei da seguinte estratégia de me manter sempre treinando para manter a forma.

Evidente que fazer um treinamento sem objetivos fica um pouco desconexo, mas uma parte do período e logo no início, foi dado uma atenção especial para o fortalecimento e aprimoração de exercícios funcionais para uma melhora na dinâmica da corrida.

Com o surgimento das provas virtuais, optei por direcionar mais objetivamente os treinos participando de algumas delas.

Neste período ficou mais evidente pra mim que o meu maior incentivo estava na disciplina em querer fazer o que efetivamente eu gosto, ou seja, de correr e não o fato da existência ou não das corridas.

Não posso negar que as provas ajudam, mas elas não podem ser o motivador para que você deixe de treinar e se dispor a manter a sua forma.

Como tudo na vida e serve para os momentos bons ou ruins, sempre são passageiras e com as vacinas está cada vez mais próximo o momento de voltarmos a ter as corridas presenciais.

Ser disciplinado, manter o seu foco e comprometimento, foram alguns dos ensinamentos que a corrida me ensinou e que servem não só para os treinamentos, mas para a sua vida.

Aos poucos você vai perceber que algumas coisas e sempre positivas irão mudar em você e se realmente gosta de correr, a falta das provas não será o motivo suficiente para fazer com que você deixe de praticar este maravilhoso esporte.

Até lá seja disciplinado, focado e comprometido com você mesmo.

Reaja, faça bons treinos e esteja preparado para fazer excelentes corridas quando elas retornarem.

domingo, 11 de abril de 2021

Preciso rever os meus conceitos?

 

Sra. Mariko Yugeta

Hoje cedo me deparei com esta imagem no Instagram do @nelson_evencio onde um senhora de 62 anos bateu o recorde mundial de uma maratona na faixa do 60 a 64 anos.

A primeira coisa que me veio a mente foi de que preciso rever os meus conceitos nos treinos da corrida.

Resolvi fazer uma pesquisa na internet sobre o assunto e localizei uma mateira num site corredoresanónimos onde ela dá o seu depoimento sobre o que fez para conseguir tal êxito.

Mas é isso mesmo? Preciso rever os meus conceitos nos treinos ou melhor, precisamos rever os nossos conceitos nos treinos?

A pergunta é apenas uma provocação, pois isso não significa de que se a Sra. Mariko Yugeta aos 62 anos correu uma maratona em 2h52min01s não significa que qualquer pessoas com idade inferior ou igual a dela será capaz de fazer a mesma façanha.

Porém o resultado serve para uma reflexão principalmente para aqueles atletas que tem bons desempenhos, são mais jovens e dedicados, mas mesmo assim não conseguem e tem dificuldades de fazerem marcas que se aproximem aos da Sra. Mariko. 

Evidente que existem "N" fatores a serem considerados, contudo o exemplo está aí.

Vale ressaltar que ela tem outras resultados relevantes num período de 3 meses e deste ano:

  • 31/01- 2:52’13” Maratona de Osaka
  • 14/03- 2:54’31” Maratona de Nagoya

Eu já fiz 11 maratonas e só na 10ª consegui fazer um sub 4h e hoje sem pretensões de fazer outra, muito embora comente com o treinador que só faria uma nova maratona, se realmente fosse umas daquelas bem TOP.

O treinamento, a preparação, tudo que envolve a participação em uma maratona, principalmente para quem que ir e fazer uma boa prova, é muito mais difícil do que a própria corrida em si.


Não tenho conhecimento de quantas pessoas que com a idade dela ou próximas obtêm excelentes resultados, porém independente da distância a que você se propõe a fazer, saiba que sem o esforço, foco e dedicação não conseguirá conquistar seus objetivos e ficarão muito mais difíceis de alcança-los.

Especificamente no meu caso e respondendo a pergunta do título, vou sim rever os meus conceitos, rever os meus esforços e dedicações nos treinamentos.

Mas não com a ideia de me tornar um Sr. Mariko, e sim de que com esta atitude poderei melhoras os meus resultados.

Que venham os treinos e a provas.

sábado, 10 de abril de 2021

Você comemora ao concluir o seu treino?

 

Certamente não sou o único, mas comemorar o final de um treino também é válido.

Geralmente guardamos as comemorações para momentos importantes, mas os treinos são fundamentais para que no dia da prova você consiga finalizar e fechar um determinando objetivo com sucesso.

Evidente que existem treinos mais valorizados e esperados que outros quando de uma preparação, contudo se você encarar o seu treinamento como uma prova, um desafio vale sim comemorar.

Quantas vezes você já se sentiu realizado e confiante após concluir um longão, ou um treino ritmado, ou um percurso novo com dificuldades novas.

Pode até acontecer que o resultado não seja aquele esperado, que fuja um pouco da planilha, ou que o seu treinador ache que poderia ser melhor, porem se você se sentiu bem e realizado, comemore.

As vezes vamos treinar enfrentando alguma adversidade, e mesmo assim tomamos a atitude de irmos fazer o treinamento.

É gratificante e por isso sempre comemoro.

Quem me conhece, talvez já tenha presenciado que ao finalizar um treino, me ver  fazendo o mesmo gesto de quando da chegada em uma corrida oficial.

O aviãozinho, imitando com as devidas proporções, o Vanderlei Cordeiro de Lima (Maratonista Olímpico).

Necessariamente não precisa chegar a este ponto, mas não deixe de valorizar o seu esforço, dedicação e emprenho.

E como ainda não temos as provas oficiais, sigo comemorando as minhas chegadas nos treinos, pois é o que tenho no momento.

Comemore, valorize, curta e se sinta feliz no seu treino também.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Última Edição da CR - Contra Relógio

 

Não muito antigamente assim, muitos de nós corredores ficávamos ansiosos para que chegasse nas bancas a edição da CR assim como era conhecida a Revista Contra Relógio.

Lá encontrávamos muitas das informações sobre o mundo da corrida que iam desde os últimos modelos de tênis a planilhas de treinamentos, tudo que você tinha de saber ou curiosidades do esporte.

Tinha jornalistas especializados no esporte e que praticavam, o que facilitava e muito o entendimento e as necessidades dos leitores.

Tinha também um ranking onde anualmente se você estivesse enquadrado nas exigências por faixa etária e em provas oficiais selecionadas previamente pela CR, você recebia um certificado com informações de local e tempo do seu resultado.

Isso, pelo ao menos para mim era um motivo de incentivo o que ajudava a se esforçar nos treinos e no dia da prova além de você receber a medalha era de que seu tempo fosse enquadrado no requisito exigido para aquisição do seu Certificado.

Tive o privilégio de fazer parte de matéria em duas edições: em 2009 nº 190 e 2010 nº 207 o que me deixou bastante envaidecido.

Edição 190 em 2009
Matéria de Harry Tomas

Edição 207 em 2010
Matéria de Yara Achôa


Seque abaixo o link da Revista CR com o editorial disponibilizado pelo Sr. Tomaz Lourenço, editor da revista.

Editorial - Tomaz Lourenço

Agradeço a todos da revista pelas informações disponibilizadas ao decorrer deste tempo que foram fundamentais para a minha permanência e progresso neste maravilho esporte que é a corrida.

Muito obrigado!

terça-feira, 6 de abril de 2021

A primeira a gente nunca esquece

 

Maratona Internacional de São Paulo - 2009


Segue abaixo o relato da minha primeira Maratona que no dia 31 de maio estará completando 12 anos.

De de lá pra cá já fiz mais 10 e cada uma tem a sua particularidade, porém todas tem uma coisa em comum, não foram fáceis.

Maratona de São Paulo - 2009
Primeiramente antes de relatar como foi à corrida gostaria de agradecer a todas as pessoas que me ajudaram na realização de mais este sonho. Ao suporte que tive em São Paulo, a todos os parentes, amigos, colegas de trabalho, amigos blogueiros, vizinhos, amigos corredores, enfim a todos aqueles que torceram por mim.

Dia 31 de maio de 2009, Av. Jornalista Roberto Marinho, São Paulo capital.

Um dia cercado de muitas expectativas, pois tudo era novidade. Um grande número de pessoas com objetivos diferentes uns correndo 10 km, outros 25 km e a minoria 42 km.

Houve-se um tiro de canhão e a corrida começou.

Largada tranquila, e lá fui para encarar o desafio num ritmo confortável. Ainda deslumbrado com a festa, lá se foram os primeiros quilômetros cercado por muitas pessoas.

Nas proximidades do km 5 a primeira separação, pois quem foi para correr os 10 km o trajeto passaria a ser outro e silenciosamente desejei felicidades a eles.

Ao dobrar a esquina do Túnel Presidente Jânio Quadros tinha a placa de 38 km embora só tivéssemos corrido apenas 5 km e falei: aguarde-me que voltarei e segui a procura das placas 6, 7, 8...

Rapidamente vieram os quilômetros onze, doze, mas não olhava para o relógio, pois só queria conferir o tempo aos 21 km.

21 km, o relógio marcava 01h38min o melhor tempo que já havia feito em meia maratona e segui em frente. Tudo estava bem.

Repentinamente ao dobrar uma curva e logo após passar pelo um tapete de marcação do chip no Km 24 senti fortes dores na panturrilha e ainda sem acreditar mais ali era o começo de um longo sofrimento.

A muralha dos 30 km havia começado para mim nos 24 km. Parei, fiz um breve alongamento utilizando o meio fio como suporte e segui na esperança de melhorar. No km 25 outra separação e daí em diante só teria como companhia aqueles que se contentavam só com a maratona.

Nos 26 km outra parada e desta vez pensei que não resistiria. Parei, as lágrimas vieram e também a lembrança de tudo que havia passado não só pelos quilômetros que já havia deixado para trás, mas todo o treinamento que fiz as corridas longas e solitárias, o apoio das pessoas o sacrifício da distância dos entes queridos, do filho, a preocupação com a minha mãe e tia que estão em recuperação de enfermidades, o esforço dos parentes que me apoiaram na estadia aqui em São Paulo, o sacrifício financeiro, pois a minha maratona havia começado muito antes do tiro do canhão da largada deste dia trinta e um de maio.

Neste momento se aproximou um casal em uma moto que faziam parte do apoio e me perguntaram se eu estava bem.

Respondi que eram câimbras e fiquei receoso que eles me tirassem da corrida, pois não sabia qual o critério de avaliação, mas felizmente foram embora. Logo, percebi que não estava solitário nessa agonia, outros corredores estavam sofrendo do mesmo problema.

Depois de alguns passos um rapaz de nome Rogério que estava aguardando um corredor para dar um apoio, me perguntou o que estava sentido e respondi que eram câimbras e prontamente ele retirou de um saco uma pasta branca e disse que passasse nas pernas que certamente iria melhor.

Percebendo a minha dificuldade, ele mesmo resolveu passar a pasta e em seguida me de um pacote de bolacha salgada que ajudaria na reposição do sal no meu organismo.

Perguntei o seu nome e disse a ele que registraria o seu apoio no meu blog dando a ele o endereço para que acessasse e deixo aqui registrado a você Rogério os meus sinceros agradecimentos.

Daí em diante foram momentos de trotes e caminhadas de mais alongamentos de mais dores, mas a cada quilômetro ultrapassado a minha força aumentava. Alguns corredores estavam literalmente parados sendo atendidos pelo pessoal de apoio e espero que eles tenham retomado a corrida, pois faltava pouco.

A vontade era grande de alcançar o túnel e me deparar com aquela placa dos 38 km.

E lá estava ela e disse: Eu te falei que me aguardasse! Aqui estou e vou te deixar ai embora a minha vontade fosse de passar por cima dela, mas agora o que realmente importava era em cruzar a linha de chegada.

Após uma leve curva avistei o local da chegada e pensei estou a poucos metros de me tornar uma maratonista.

Nesse momento ao olhar as pessoas que estavam ao lado do percurso da chegada, reconheci a jornalista e maratonista Yara Achôa que me acompanhou por alguns metros e tirou uma foto. O interessante é que conheci a Yara através da leitura do seu depoimento na Revista Contra Relógio quando ela participou da sua primeira maratona. De lá para cá sempre trocamos informações através de email e do blog. Acho que nesse momento ao vê-la estava ali recebendo a minha primeira medalha.

Obrigado Yara pelo apoio.

A poucos passos estava a minha cunhada Graça me aguardando para entregar a Bandeira do Brasil, pois é um gesto que sempre faço em algumas corridas e segui em frente.

Mais adiante aos gritos estava minha querida esposa Neuza que sempre tem me acompanhado nas corridas das quais muitas delas tem sido a força para não desistir e chegar ao seu final e o meu sobrinho Júnior que registrariam os últimos cem metros.

Após cruzar o tapete final mais gritos, e desta vez era meu primo Jailson e sua esposa Nádia que também registraram a minha passagem pelo local da chegada.

Faço aqui um agradecimento especial a Graça, Jailson, Nadia e Júnior que nos deram o suporte necessário desde a nossa chegada a São Paulo, o difícil momento da corrida e o nosso retorno sem esquecer também de Cristiane amiga de Graça que foi a facilitadora para conseguirmos chegar ao local da largada.

A todos vocês o nosso muito obrigado!

4h38min11s foi o tempo líquido que levei para os 42.195 metros, resultado muito além do que gostaria de fazer. Já com a medalha na mão inicialmente me veio o sentimento de frustração acompanhado de choro.
Depois, ao lembrar tudo que havia passado me conformei e valorizei sim todo o esforço e dedicação e que independente do tempo, o primeiro colocado também correu a mesma distância e se ele é uma maratonista eu também eu sou.

Hoje, ao concluir esse meu relato a mensagem que posso deixar é que todos nós temos a capacidade de se superar, de estabelecermos as nossas próprias conquistas, de acreditarmos que somos capazes de sonhar e fazer com que esses sonhos possam se tornar realidade.

Existem muitas coisas nas nossas vidas que quando acontecem pela primeira vez nunca se esquece e essas 4h38min11s ficarão certamente na minha lembrança pelo resto da minha vida.

domingo, 4 de abril de 2021

Já treinou no COE?

COE - Comando de Operações Especiais da Polícia Civil fica próximo ao Acesso de Cargas do Aeroporto de Salvador.

Mas, para os atletas tanto de corridas, triathlon e ciclistas, o COE trata-se de um local bastante utilizado para a realização de treinos e que por muitos e eu me incluo é o preferido.

A percepção de um treino no COE vai muito da relação com que você tem com o local, onde um dia você pode sai de lá com a sensação de que você é o cara, como também se achar de que precisa treinar mais e muito mais.

Se você já tem o costume de treinar por lá e fizer um treino final próximo de uma competição importante e quase certo que se o treino foi show, a prova vai ser show. 

É um local que pra mim passa muita confiança.

O que tenho observado comigo é de que quanto mais você treina por lá, mais você se sente intimo do local que parece ter vida própria.

Não tenho como dizer que o local é atrativo, pois a paisagem não é aquela beleza toda e se você considerar que logo no inicio a depender da quantidade de despachos / bozós que colocam no local, a população de Urubus também aumenta.

E falando nos urubus, em treinos longos, parece que quanto mais cansado você fica eles percebem e começam a se juntarem no alto dos postes de iluminação. 

Acho que ficam esperando você cair de cansado para atacarem. Isso é mais um comentário, mas, não custa ficar atento.

O local é relativamente seguro embora alguns cuidados principalmente com o transito de veículos devem ser tomados. 

Lá você consegue estacionar sem problemas e mesmo sozinho tem como montar seu kit de hidratação tranquilamente.

O percurso se você considerar o trecho principal da entrada até o final é de aproximadamente 2,5 km , fechando a ida e volta 5 km. 

No meio existe um aclive não muito íngreme e longo porem, a cada volta feita a depender do sua prepara fará uma diferença, contudo no retorno da volta esse aclive passar a ser um declive e pode te trazer um momento de relaxamento.

A possibilidade de você encontrar mais gente é no dia de sábado, embora se for aos domingos, achará sempre algum atleta treinando.

Seguem algumas dicas que pelo ao menos para mim servem:

  • Correr sempre no fluxo contrario aos carros;
  • A depender a distancia que vai treinar, distribuir sua hidratação no percurso;
  • Começar o mais cedo sempre que possível;
  • Se no dia de treino houverem ciclistas dar sempre a preferência pra eles quando passar pelos quebras molas, ou seja deixando a parte da pista próximo ao meio fio, para eles passarem;

Bons treinos e o COE estará sempre lá nos esperando.

sábado, 3 de abril de 2021

Agnaldo Timóteo - Descanse em Paz

Certamente os mais novos não têm a dimensão da perda deste homem para a musicalidade brasileira.

Perdemos mais uma voz marcante e peculiar.

Lamentável!

Agnaldo Timóteo, descanse em Paz, mas vá com a certeza de que sua voz ecoara eternamente nas nossas lembranças e alegrando os nossos corações.

Foto: Sesc Piracicaba / Divulgação

"É com imenso pesar que comunicamos o FALECIMENTO do nosso querido e amado Agnaldo Timóteo. Agnaldo Timóteo não resistiu as complicações decorrentes do COVID-19 e faleceu hoje às 10:45 horas. Temos a convicção que Timóteo deu o seu Melhor para vencer essa batalha e a venceu! Agnaldo Timóteo viverá eternamente em nossos corações! A família agradece todo o apoio e profissionalismo da Rede Hospital Casa São Bernardo nessa batalha", disse a família, em nota.

Música: Tudo passará

Música de Nelson Ned na interpretação de Agnaldo Timóteo