quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Uma simples homenagem

Como faço anualmente, hoje visitei os túmulos de alguns parentes com o objetivo de homenageá-los.
.
O tempo estava meio nublado porem bastante abafado. Saí por volta das sete e trinta com destino ao Cemitério Quinta dos Lázaros sendo que esta é a primeira vez que faço esse percurso, pois nos anos anteriores ia só ao Cemitério Jardim da Saudade.

Chegando ao meu primeiro destino, depositei quatro rosas um para cada pessoa no túmulo onde estão os restos mortais dos meus avôs maternos Antônio Rodrigues e Eva e o tio Paulo. A quarta rosa foi dedicada a uma sobrinha Ticiane que faleceu prematuramente onde tive dificuldades de identificar o local onde ela havia sido enterrada.

Aqui estão os meus avôs maternos Antônio e Eva e tio Paulo

.

Depois sai com destino ao Jardim da Saudade localizado no bairro de Brotas onde lá está meu pai Antônio, sogro Luíz, meu tio Rodriguinho, sobrinho Bernardo e tias de consideração Francisca e Nilza onde também depositei uma rosa para cada uma.


Aqui estão meu tio Rodriguinho e Francisca

.

Aqui está o meu pai Antônio

.

Aqui estão meu sogro Luíz, o sobrinho Bernardo e tia Nilza


Após concluir o meu objetivo retornei para casa onde faltando menos de dois quilômetros foi agraciado com uma chuva repentina, mas que foi bastante prazerosa devido ao forte calor que fazia.

.

Ano que vem certamente estarei prestando novamente esta simples homenagem a qual faço com muito carinho e dedicação.

.

Fiquem todos em paz.


.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Indicações de livros

Segue abaixo algumas indicações de livros que li recentemente. Trata-se de livros com histórias de superação, com dicas de saúde, orientações que podem melhorar o seu desempenho tanto físico como mental.

O livro Corrida – Ciência do treinamento e desempenho é mais técnico, mas bastante interessante para aqueles aficionados pelas corridas.


Vale ressaltar que independente do assunto, a literatura é fundamental para o crescimento do indivíduo onde certamente os seus horizontes tomam dimensões imagináveis porque não dizer ilimitadas.

Desejos a todos uma boa leitura!


O Ultramaratonista
Dean Karnazes

A maratona de uma vida
Vanderlei Cordeiro de Lima
Renata Adrião D’Angelo

Transformando suor em ouro
Bernardinho

A semente da vitória
Nuno Cobra

A maratona da vida
William Douglas


Corrida - Ciência do treinamento e desempenho
Eric Newsholme
Tony Leech
Glenda Duester


.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vai que sua Fernandes!

.
Eu e o Fernandes após a chegada na Corrida da Asa deste ano.

Depois de longos doze dias sem fazer um trotezinho se quer, foi acompanhar o Fernandes num treino e que no dia 31 estará em São Paulo na 84ª Edição da São Silvestre.

Embora eu só tenha participado uma vez da São Silvestre que foi a do ano passado, aproveitei enquanto corríamos para fazer alguns comentários sobre alimentação, da minha experiência do percurso, posicionamento na saída, cuidados na largada, apoio das pessoas que assitem o evento nas ruas, final da corrida e etc...

Como ele mesmo disse, seu objetivo é participar da festa e constar no currículo a sua presença em uma corrida tão tradicional como é a São Silvestre.

No dia da corrida, contará com a presença de parentes que irão prestigiá-lo o que certamente será um incentivo a mais para cruzar a linha de chegada.

Desejo a ele felicidades e que aproveite bem todos os momentos, pois realmente é uma corrida muito emocionante.


.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Feliz Natal e um Ano Novo !

.

Com a Volta da Pampulha dei como encerrada a minha participação este ano em corridas oficiais.

Agora aproveitarei para descansar um pouco, mas sem deixar de lado as pequenas corridinhas sem compromisso.

Como de costuma, no dia 24 prestarei uma homenagem aos parentes que não estão mais presentes onde anualmente saio correndo aqui de casa com destino ao cemitério para colocar flores nos túmulos.

Desta vez pretendo corrigir uma coisa que vem me incomodando há algum tempo, pois o cemitério que costumo fazer o percurso é o do Jardim da Saudade e como tenho também outros parentes que se encontram no Cemitério Quintas dos Lázaros, também irei visitá-los.

Segue abaixo alguns números da minha atividade deste ano nas corridas onde estão incluídos também os principais treinos.

Foram 14 corridas oficiais com 11h46min27s para a distância de 151.718 km onde neste total foi feita uma corrida de cross na areia fofa na praia.

Nos treinamentos foram 46h56min37s para a distância de 553.410 km.

No total foram 58h46min04s de corridas para a distância de 705.128 km.

A média por km para as corridas foram de 4m30s não incluindo o tempo e km da corrida do cross onde fiquei 7 segundos a mais da média do ano passado que foi de 4min23s.

Gostaria de registrar alguns pontos positivos deste ano que foram: a oportunidade de participar com meu filho da Ecorun e no revezamento da Braskem onde fizemos dupla, fazer um bom tempo na corrida noturna, conseguir ir ao pódio na corrida cross como em 3º lugar na faixa, participar em BH da Volta da Pampulha, a criação do blog onde passei a conhecer outros atletas pelo Brasil e no mundo fazendo amizades, continuar melhorando a minha condição física, agregar mais pessoas em torno deste maravilhoso esporte, descobrir que existem outros loucos por corridas.

Ano que vem tenho o objetivo firme dentre outras corridas a participação em uma maratona a de POA ou SP e da meia do RJ que certamente realizarei.

Finalmente agradeço a todos os parentes, amigos, corredores, blogueiros, colegas, a todos que me incentivaram, apoiaram, tiveram paciência para que eu continuasse a realizar os meus sonhos tornando-os possíveis, desejando a todos vocês um Feliz Natal de muita paz, saúde e um Ano Novo de muitas conquistas, realizações, bons treinos e excelentes corridas.
.
Texto: Samuel Moreira
Imagem: Lucas Navarro
.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sonho realizado.

.



Foi uma experiência inesquecível!

Assim é como posso definir a viagem que fiz até Belo Horizonte para participar a X Corrida Internacional da Volta da Pampulha.

Saímos daqui de Salvador por volta das 21h00min do dia 04 e chegamos aproximadamente neste mesmo horário do dia seguinte completando longas 24 horas de viagem!

E se me perguntarem: Faria tudo de novo?

Não hesitaria em responder que sim. Foi uma corrida para a corrida diferente onde antes de sairmos já havia acontecido algo que para mim era inusitado onde um dos atletas pensava que o ônibus sairia no dia seguinte o que causou o atraso mais que pelo bom humor do grupo a situação passou rapidamente de um momento de estresse para um motivo de gozação.

Saímos em direção a Belo Horizonte que para mim seria a minha primeira participação da Volta da Pampulha onde para outros, era mais uma.

No caminho foram agregados ao grupo mais alguns atletas completando a caravana com destino a BH. Foram momentos hilariantes onde tive a oportunidade de conhecer melhor algumas pessoas que por muitas vezes já via nas corridas aqui em Salvador porem sem ter um contado mais direto o que para mim foi uma grata surpresa ao ouvir as histórias e depoimentos desses atletas e que agora também amigos mais próximos.

Gostaria de deixar registrado que um dos momentos mais bonitos desta viagem foi quando já próximo a BH, Russo assim como é conhecido, organizador da viagem, ligou um microfone e após um breve comentário e recomendações passou a palavra para que também falássemos alguma coisa.

Timidamente, aos poucos as pessoas começaram a dar o seu depoimento sobre o seu histórico de corrida, o motivo pelo qual levou a correr a satisfação que esse esporte trouxe para a sua vida, a transformação em todos os sentidos principalmente na saúde e auto-estima. Enquanto ouvia a cada palavra ficava imaginando o quão grande é este maravilhoso esporte que de um ato tão simples que aprendemos logo nos primeiros passos de vida, ao longo do tempo deixamos de dar a verdadeira importância a esse ato.

Chegamos em paz, e todos instalados num hotel no centro da cidade.

Na véspera da corrida levantei cedo e fui fazer um trotezinho numa praça próxima ao hotel, só por alguns tinta minutos para soltar a musculatura da viagem e de volta ao hotel e logo após o café, saímos todos para pegar o kit onde tive o meu primeiro contato visual com o belo local da corrida.

Tudo muito organização, sem tumulto, nada a reclamar. A tarde foi livre onde aproveitei para conhecer um pouco da cidade mais tudo próximo ao hotel para não me desgastar muito.

Dia da corrida, acordei cedo como já é de costume, tomei um reforçado café e partimos embalados ao som de um batuque organizado por alguns atletas que havia levados instrumentos. Ao chagarmos no local, já encontramos muitas pessoas e no ritmo do batuque subimos uma pequena ladeira que dava acesso ao guarda volumes e banheiros onde a nós, outros corredores juntavam-se participando da nossa alegria.

Próximo a hora da largada, ficamos dispersados onde cada um procurou localizar-se em um ponto que achava ser o mais conveniente e fiquei próximo a uma sinalização onde os corredores tivessem a previsão de 04min30s por km.

Dada a largada e lá vou eu onde e devido ao grande número de pessoas a minha frente, sai andando. Aos poucos comecei a correr com muito cuidado procurando brechas entre os atletas a minha frente, fazer a tangencia nas curvas mais abertas onde era menor o numero de pessoas.

Facilmente foi obtendo posições o que acredito muito mais pelo despreparo das pessoas onde alterava o ritmo com momentos fortes e fracos a depender do que achava a minha frente. Passei nos cinco km um pouco abaixo dos vinte minutos e no sétimo km peguei um pouco de água.

Tava tudo tranqüilo, corria bem, clima agradável.

Próximo aos dez percebi que em volta da minha unha do meu polegar esquerdo apresentava sangramento intermitente e fiquei preocupado onde toda vez que passava a mão em volta da unha o sangramento tornava a aparecer. Reduzi drasticamente o ritmo pensando o que poderia está acontecendo, passei as mãos no nariz, olhei o meu short para ver se tinha outro ponto de sangramento, pois já pensava que estivesse acontecendo alguma coisa errada com o meu organismo embora não tivesse tontura, taquicardia, me sentia bem.

Cheguei num ponto onde havia hidratação especial, parei peguei dois copos e bebi vagarosamente e fui observar melhor em volta da unha e felizmente identifiquei um pequeno corte que acredito tenha sido ocasionado quando da quebra do lacre do copo da água após o km sete.

Agora já mais aliviado tornei a correr onde aos poucos procurei a recuperação aumentando gradativamente o ritmo que me propusera a fazer. Em alguns trechos havia muitas pessoas incentivando o que psicologicamente tem um fator muito positivo principalmente próximo ao final da corrida.

Atravessei a ponte e faltava pouco para a chegada onde na minha marcação cruzei o tapete com 01h24mine01s dando uma média de 04min43s por km o que deu uma diferença de 2s em relação ao resultado oficial que foi com o tempo bruto de 01h26min48s e o tempo líquido de 01h24min03s permanecendo a mesma média por km.

Após cumprimentar alguns corredores, fui orgulhosamente entregar o chip e pegar a minha medalha e dirigir-me até o guarda-volumes, pegar a mochila e ligar para casa informando da minha chegada e que estava tudo bem.

Reunidos no local aonde havia sido estacionado o ônibus voltamos todos para o hotel e nos prepararmos para a viagem de retorno onde por volta da quinze horas tomamos o caminho de casa.

Chegamos a Salvador por volta das dezenove horas do dia 08 no mesmo local da partida e já sentindo saudades de tudo e todos que nestes poucos dias me proporcionaram momentos de muita alegria.

Registro da falta que senti das pessoas que aqui em Salvador me acompanham nas corridas com minha esposa, filho, mãe, cunhada, tia e que gostaria também que compartilhasse desse momento.

Finalmente agradeço a todas as pessoas que torceram por mim (esposa, filho, mãe, irmão, sogra, cunhadas, sobrinhos, tios, primos, amigos corredores, blogueiros, ao chefe e colegas do trabalho, amigos e em especial a todos os atletas, organizadores, acompanhantes, motoristas, que fizeram parte desta caravana e me proporcionaram um dos melhores momentos da minha vida.

Já com duas metas principais para 2009 que é a participação em uma Maratona (POA em maio ou SP em junho) e a Meia do RJ em setembro, espero ter outra oportunidade de poder participar com um grupo tão maravilhoso que se tornaram amigos.

A todos o meu sincero carinho e muito obrigado!


.
Autor: Samuel Moreira

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Realização de mais um sonho.

.
Hoje, juntamente com mais um grupos de atletas aqui de Salvador, estaremos indo participar da X Volta Internacional da Pampulha.

O ônibus sairá por volta das 18:00 h com chegada prevista para amanhã às 13:00 h onde de imediato seguiremos para a retirada do Kit.

Para mim em especial, será a primeira corrida da farei em Belo Horizonte cidade que ainda não conheço.

Na corrida, a depender do local que fique para começar, pretendo concluir a prova em aproximadamente com 1h20min.


Sendo possível, colocarei informações relatando a viagem de ida e informações sobre a corrida.

O retorno está previsto a tade do dia 07 após o almoço.

Até lá, deixo um grande abraço a todos, desejando felicidades aos demais atletas que irão participar desta corrida.

.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Você é homem ou não é?

A história abaixo é só para lembrar que o corredor também tem próstata e a prevenção fazendo o Exame da Próstata, fara com que possa ainda por muitos e muitos anos continuar usufruindo desse maravilhoso esporte que é a corrida.


.

...... só para descontrair!
.

Pelos trinta e oito, trinta e nove anos, é mais ou menos o tempo para o tão temido para alguns, em tão sonhado para outros de começar a se preocupar com o tal exame preventivo masculino, o Exame da Próstata.
Mas existem aqueles que quando chegam nessa idade procuram alternativas para justificar a prorrogação deste prazo e confesso me incluo nesse grupo.
Isso foi o que aconteceu comigo visto que nesse período ouvi do urologista a recomendação de que como não havia histórico familiar, poderia aguardar até completar os 45 anos, mas ressalto que a recomendação tenha sido feita, baseada também em exames complementares.
Por conta disso ganhei mais alguns anos o que me fez esquecer por algum tempo.
Pois é, o tempo não pára, mas bem que para isso poderia.
Não sei se é bom ou ruim, mas sou um pouco Caxias comigo mesmo para que as coisas aconteçam dentro do que tem que acontecer, ou o mais próximo possível do que se é estabelecido, e para essa situação não seria diferente.
Faço aniversário logo no início do ano e como tinha de passar por isso, que fosse logo e sem muito tempo para pensar a ponto de desistir.
Entre os homens sempre existem brincadeiras sobre o assunto onde uns levam na gozação e outros não querem nem ouvir falar.
Faço parte dos que levam na brincadeira, mas nem por isso deixo de ficar preocupado ou tenso, pois minha hora estava chegando.
Passei as festas natalinas e o réveillon meio invocado, pois havia marcado logo para o inicio de ano seguinte a bendita consulta com o urologista.
Já quando da marcação, liguei para a atendente, procurando ser rápido e objetivo e sem muita conversa, a fim de evitar comentários e até a desistência.
Marcada a data, restou-me apenas aguardar o famigerado dia para que a angústia acabasse logo de uma vez.
Torcia para que a medicina neste período descobrisse uma forma mais simples e menos traumática de se fazer o exame de toque onde esperei até a última hora, mas nada, absolutamente nada, havia sido descoberto.
Não havia outro jeito a não ser me conformar.
Tenho muitos projetos e não gostaria que uma doença atrapalhasse meus planos e prevenir é bem melhor do que remediar.
Faltavam dois dias para o meu aniversário, mas a consulta já estava marcada e era a data disponível para que o médico pudesse me atender.
Sei que por isso só, já serve de motivo para gozações como:
- O cara tava tão ansioso que não esperou nem completar os quarenta e cinco anos e já foi logo.
- Se fosse eu, iria aos quarenta e cinco, quase para completar quarenta e cinco e mais um dia.
Para esses eu digo:
- quarenta e cinco e quase para completar um dia, fica perto da meia noite e acho que não ficaria bem, fazer um exame desses a essa hora.
Bem, cada um sabe o que é melhor, não é?
Voltando a consulta.
Por motivos que não são alheios a minha vontade, vou pular a parte da explicação de como é feito o exame.
Dois de janeiro de 2006.
O atendimento era por ordem de chegada e adivinha quem foi o primeiro a chegar ao consultório?
Lá se vai mais um motivo para gozações.
Queria que tudo isso acabasse logo.
Nesse momento me vieram ao pensamento as lembranças das brincadeiras dos colegas, das histórias que comumente eram contadas nas rodas dos homens, diga-se de passagem, esse foi um péssimo trocadilho “rodas dos homens”.
O médico ainda não havia chegado porem a sala estava ficando cada vez mais cheia.
Sei que uma boa parte dos que estavam ali, iriam fazer o exame, e pela faixa etária face algum descuido, não deveria ser a primeira vez e quem sabe já estariam até acostumados se é que alguém pode se acostuma com uma situação dessas.
E esse médico que não chega!
Não tinha nem idéia de como seria a cara do médico quando mais o tamanho das mãos, dedos ou coisa parecida.
Sobre isso, as dimensões do polegar, indicador, anular, médio ou mindinho sempre foram motivos de comentários e ai voltando à conversa da roda dos homens.
E esse médico que não chega!
Perguntei a atendente se havia ocorrido algum problema que justificasse o atraso.
Disse ela:
- O Doutor já está chegando, ele ligou e já está próximo.
Pensei:
- bem que ela poderia dizer que ele não viria mais.
Finalmente o diabo chegou, digo o médico, mas foi tão rápido ao entrar na sala e dirigir-se ao seu consultório, que não deu para ver direito como era.
Agora não tem mais jeito.
A esperança é a ultima que morre e quem sabe se o atraso era por conta de alguma informação de que a medicina exatamente naquela manhã, havia descoberto um exame novo que não fosse mais necessário fazer o exame do toque.
Suava frio.
Parecia que todas aquelas pessoas sabiam o que eu iria fazer, ao ponto de todas terem sido chamadas para testemunhar o trágico momento.
De repente:
- pode entrar senhor.
- pode entrar senhor.
Foi necessário me chamar por duas vezes para ter a certeza que era realmente comigo.
Bem que ela poderia está chamando o senhor, mas o dos anéis.
Dos anéis, ou trocadilho infeliz.
Distintamente o médico me cumprimentou e disse:
- Tudo bem?
- o que o senhor esta sentido?
Neste momento me veio à lembrança de uma dessas estórias contadas pelos colegas que um deles brincava de que quando o médico perguntou o que ele estava sentindo após o exame, ele respondia:
- estou sentindo que tô apaixonado por você.
Voltando a conversa com médico.
- bem doutor...
Contei a ele sobre o meu histórico e quando me perguntou sobre a minha idade.
- vou fazer quarenta e cinco anos depois de amanhã.
Disse ele:
- já está na hora de fazer o exame da Próstata.
Enquanto conversava comigo, estava pensando que não haveria mais jeito e instintivamente foi observando as dimensões das suas mãos e mais precisamente nos dedos.
Veio-me a lembrança de nunca ter ouvido falar ou até ter visto um médico nessa especialidade que fosse anão.
Mas bem que poderia, pensava.
Observei quando escrevia, que era destro e me senti um pouco aliviado, pois na sua mão esquerda estava um anel parecido com um daqueles de formatura.
Porem meu alivio logo foi embora, pois pensava:
Se o anel for de formatura, será que ele e recém formado?
E se for novato.
Deixa pra lá, dizem que o exame é rápido.
Tudo me deixava apavorado.
Sem prolongar muito o assunto, pois até ao contar fico agoniado; ele me explicou como seria feito e me pediu para ir atrás do biombo e ficasse nu da cintura pra baixo.
Envergonhado fui, envergonhado fiquei.
Já deitado a maca, reforçou de como seria o procedimento o que aos meus ouvidos, parecia um teste à minha reação para vê se eu ficaria chateado ou se abriria um sorriso.
É claro que fiquei chateado.
Pediu-me que encolhesse os joelhos ficando numa posição parecida como a de uma parturiente.
Essa foi uma infeliz comparação.
Já com as luvas calçadas, o médico me contou um detalhe que até então nenhum dos colegas e agora inimigos havia comentado.
Disse ele:
- vou passar um pouco de gel nas luvas...
Neste momento pensei quase que em voz alta:
- Puta que Pariu, nas luvas!
- pensei que fosse só no dedo.
Meu pensamento havia sido mais rápido do que a conclusão da frase do médico.
- digo no dedo e vou passar um pouco do gel na região para facilitar o exame.
Na região?
Que região? Pensava eu.
A única região que tem nessa região é a popular chamada rosquinha.
Continuava pensando:
Doutor acaba logo com essa agonia.
O medo, a tensão, estava todo travado, ou melhor, tudo travado e já imaginava:
Esse cara vai ter gastar uma lata inteira de gel.
Levei tanto tempo me agoniando com a situação que não me dei conta que já estava acabado a porra do exame.
- Ponto.
- Já acabou.
- Pode se levantar.
Disse o médico com um maço de papel e antes que dissesse qualquer coisa, imediatamente peguei das suas mãos e disse:
- Pode deixar que eu mesmo limpo.
Acho que isso era óbvio para ele, mas naquela situação, sei lá o que ele iria dizer.
Ao final ele me falou:
- sua próstata está dentro dos padrões normais, e sem alterações.
Por alguns instantes me fez esquecer toda a minha angústia do exame e todos os momentos de aflição e refletir de que o que ouvira, foi muito mais importante de tudo que rolava nas conversas ouvidas nas “rodas dos homens”.
Aquelas palavras me deram tranqüilidade e a certeza de que pelo ao menos por mais um ano, teria tempo para realizar todos os meus sonhos e projetos, e que não seria por uma doença na minha próstata, que eles não deixariam de acontecer.
Ao sair da sala todos estavam a me olhar, mas não fiquei constrangido, pois tinha a certeza de que o que fizera, tinha sido uma atitude de que só um homem é capaz de fazer.
A todos vocês que ainda não fizeram o exame, lembre-se que pior que seja a situação ela sempre terá um pouco de humor, pois rir ainda é o melhor remédio, mas esse remédio não cura uma próstata doente.
.
Autor: Samuel Moreira